Mata Atlântica na Paraíba

Mata Pau Ferro - Areia, PB

A Mata Atlântica na Paraíba abrange duas grandes áreas, perfazendo um total de 657.851,21 ha (6.578,51 km²), que correspondem a 11,66% do território do estado e ocupam total ou parcialmente 63 municípios, incluindo os ecossistemas 
de florestas ombrófila densa, aberta, estacional semidecidual, áreas de tensão ecológica, além de formações pioneiras (restingas e manguezais). A população que vive nestas áreas é de 1.692.369 pessoas. Atualmente, os remanescentes são da ordem de 106.005,14 ha (1.060,05 km2), equivalentes a 16,11% da área original incluindo os vários estágios de regeneração em todas as fisionomias, segundo o Levantamento da Cobertura Vegetal Nativa do Bioma Mata Atlântica (MMA/ Probio, 2006). As atividades que mais impactam a Mata Atlântica no estado são a expansão da área de cultivo da cana-de-açúcar e o desenvolvimento de atividades voltadas para a carcinicultura em áreas de manguezais.

No que tange à identificação de áreas com maior concentração de mata, destaque deve ser dado aos municípios de Cruz do Espírito Santo, Santa Rita, Rio Tinto e Mamanguape. A disposição dessas manchas de fragmentos florestais tem potencial para a formação de um corredor ecológico. Outra área de destaque corresponde aos remanescentes encontrados nos municípios de Areias e Alagoa Grande, conjunto de grande interesse ecológico e social, por tratar-se de fragmentos de mata serrana, também conhecida como brejo de altitude. O Pico do Jabre, localizado no município de Maturéia, por se constituir num encrave florestal de Mata Atlântica em área de Caatinga, merece atenção especial tendo em vista os decréscimos de área nos últimos anos. Convém salientar que essas três áreas constituem Áreas Prioritárias para a Conservação da Mata Atlântica na Paraíba, segundo o MMA.

A partir desses dados, o MMA identificou, no estado, a necessidade de intervenções em 279.361,30 ha, considerados prioridade para ações como a criação de áreas protegidas, incluindo unidades de conservação de proteção integral e uso sustentável, além do fomento para o uso sustentável, a realização de inventários, criação de mosaicos e corredores de biodiversidade, além da definição de área de exclusão de pesca. A Paraíba conta com 2,44% do território com Mata Atlântica protegido por unidades de conservação federais e estaduais.

Flora: Guarda-orvalho (Erythroxylum pauferrense)
O guarda-orvalho é uma espécie de arbusto ou arvoreta que pode variar de 1,5 a 4 metros de altura, endêmica da região Nordeste e com ocorrência confirmada apenas no estado da Paraíba, no município de Areia, área de brejos de altitude da Mata do Pau-Ferro. A região é formada de áreas mais úmidas, rodeadas de semiárido, matas serranas consideradas disjunções florestais da Mata Atlântica, ilhadas pela vegetação de Caatinga, condição que torna esses remanescentes, áreas de elevada biodiversidade. Esse ecossistema pode ser considerado um refúgio ou uma relíquia vegetacional, por apresentar peculiaridades dissonantes do contexto em que está inserido. O guarda-orvalho, considerado criticamente em perigo por seu reduzido habitat, possui grande afinidade com o Erythroxylum simonis, espécie da mesma família restrita a florestas atlânticas e brejos de altitude do Nordeste brasileiro, encontrada na Paraíba e também nos estados de Ceará, Sergipe e Pernambuco.

Fauna: Pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa)
Também conhecido como saíra-pintor, essa espécie de ave em perigo de extinção tem a cabeça verde palha brilhante, com bastante azul de diferentes tons e o ventre cor de laranja. Chega a 13,5 cm de comprimento e raramente pousa no chão, passando a maior parte do tempo em árvores ou arbustos. Sua alimentação consiste de pequenas frutas e bagas, sementes e insetos que recolhe nas folhagens e ramos. O pintor-verdadeiro é exclusivo da região Nordeste, onde vive em áreas remanescentes de Mata Atlântica. Foi, ao longo dos anos, muito perseguido por criadores de pássaros e, hoje, sofre intensa pressão de caça para abastecer o comércio ilegal de aves silvestres e também da degradação de seu habitat. Na Paraíba, há registros de que tenha sido encontrado em apenas um remanescente de Mata Atlântica, a Mata do Pau-Ferro, localizada na microrregião do Brejo Paraibano, a 5 km do município de Areia, com uma superfície aproximada de 600 ha.

Fonte: BRASIL. Mata Atlântica: Patrimônio Nacional dos Brasileiros. Biodiversidade 34. Brasília: 2010

4 comentários:

  1. A mata atlantica é sem dúvida uma floresta linda, e precisa ser preservada!!!

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  3. Gostaria de saber se os remanescentes de Mata Atlântica que existem na capital são levados em consideração quando da construção de condomínios residenciais ou outras intervenções na área.
    Desde já obrigada,
    Maria Carmen Cavalcanti

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  4. Bom dia, redação! Na qualidade de geógrafa e bióloga, gostaria de apontar dois importantes equívocos no texto: 1º) "A Mata Atlântica na Paraíba abrange (...)" O correto seria dizer: "A área original da Mata Atlântica na Paraíba abrange (...)", já que ela foi quase toda derrubada, restando apenas manchas. Ou seja, de mata só há hoje 16,11% dos 11,66% do território paraibano originalmente cobertos de mata (o que dá em torno de 1,5% do território paraibano hoje). Outro equívoco é que não há município com 100% de cobertura mais, como afirma o texto, já que a mata está espalhada em pequenas manchas na área que originalmente cobria. Perdoem-me o apontamento, mas é para o bem da ciência e da boa informação. No mais, parabéns pelo texto e site. 👏👏👏👏

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